Na chamada sociedade da informação,
os intelectuais se dobraram à alienação do trabalho:
não têm mais controle sobre o que produzem,
e sua obra é uma mercadoria
que não revela a subjetividade do autor.
A maneira pela qual os acadêmicos
se renderam à ideia de produtividade,
de controle de qualidade e de ranking é um escárnio.
É a destruição da vida do pensamento.
Hoje todas as ciências
deixaram de ser um conhecimento
que passa ao largo do capital
para depois serem aplicadas.
Elas se tornaram uma força produtiva.
É isso que significa a afirmação
de que todo poder está na informação.
A subordinação do intelectual à lógica do capital se fará
com a mesma ferocidade
em que ela se fez sobre o proletariado.
Ao apertar o cinto,
a classe operária desenvolveu
para além do normal
o ventre da burguesia.
Essa ideia aparece
nas sociedades escravistas
como a grega e a romana,
cujos poetas não se cansavam
de proclamar o ócio como um valor indispensável
para a vida livre e feliz.
Não é significativo
que em muitas línguas modernas
recuperem a maldição divina
contra Eva usando a expressão trabalho de parto?