TRABALHO E SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – Marilena Chauí

Na chamada sociedade da informação,

os intelectuais se dobraram à alienação do trabalho:

não têm mais controle sobre o que produzem,

e sua obra é uma mercadoria

que não revela a subjetividade do autor.

A maneira pela qual os acadêmicos

se renderam à ideia de produtividade,

de controle de qualidade e de ranking é um escárnio.

É a destruição da vida do pensamento.

Hoje todas as ciências

deixaram de ser um conhecimento

que passa ao largo do capital

para depois serem aplicadas.

Elas se tornaram uma força produtiva.

É isso que significa a afirmação

de que todo poder está na informação.

A subordinação do intelectual à lógica do capital se fará

com a mesma ferocidade

em que ela se fez sobre o proletariado. 

Ao apertar o cinto,

a classe operária desenvolveu

para além do normal

o ventre da burguesia.

Essa ideia aparece

nas sociedades escravistas

como a grega e a romana,

cujos poetas não se cansavam

de proclamar o ócio como um valor indispensável

para a vida livre e feliz.

Não é significativo

que em muitas línguas modernas

recuperem a maldição divina

contra Eva usando a expressão trabalho de parto?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *